A escola é considerada um espaço estratégico para o desenvolvimento da educação e da promoção da saúde, por ser uma instituição socialmente reconhecida, com papel na promoção da aprendizagem formal, onde os alunos passam cerca de um terço do seu tempo. Possui também infraestrutura e materiais para apoiar essas atividades e permitir a colaboração entre os profissionais de educação e saúde e familiares e, na maioria das vezes, está envolvido na comunidade em que os alunos vivem. Nesta perspectiva, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ⁵sugere que a escola seja um espaço de promoção, proteção e cultivo da saúde, contribuindo para o bem-estar e desenvolvimento de habilidades socioemocionais, cognitivas e hábitos saudáveis ​​nos escolares.

Nesse sentido, como componente curricular da educação básica, a educação física (EF) também se compromete a participar do planejamento, implementação e avaliação das ações educativas e de promoção da saúde nas escolas. Além disso, pode contribuir para capacitar os alunos a adotarem estilos de vida fisicamente mais ativos e saudáveis utilizando experiências e conteúdos que ampliem seus conhecimentos, crenças, valores e atitudes positivas compatíveis com práticas saudáveis, incluindo atividade física e menor tempo gasto em comportamento sedentário. Esses comportamentos passíveis de modificação, foco de intervenção para promoção da atividade física e saúde na escola, estão entre os temas e conteúdos relacionados à saúde que mais se relacionam com a formação dos professores de EF e seu domínio sobre eles. Assim, eles são mais propensos a serem abordados nas aulas de EF.

Os resultados da presente revisão sistemática demonstraram que a participação nas aulas de EF esteve associada ao aumento da atividade física e menor comportamento sedentário. Esses achados foram consistentes mesmo depois de estratificados por delineamento (transversal ou longitudinal) e qualidade metodológica dos estudos (baixa, moderada ou alta) e instrumento de medida (questionários ou medidas objetivas). Os resultados não puderam ser estratificados por comportamento sedentário em relação ao tipo de desenho devido à ausência de estudos longitudinais.

Esses achados podem ter sido explicados por diversos frameworks que serão apresentados em 3 possibilidades. Em primeiro lugar, a participação nas aulas expõe os alunos a atividades físicas que podem aprimorar seus conhecimentos sobre a importância de tais atividades e da redução do comportamento sedentário para a saúde, contribuindo assim para o desenvolvimento de atitudes e crenças favoráveis ​​ao aumento da atividade física e redução do comportamento sedentário. Experiências de atividade física bem-sucedidas e prazerosas e aulas de EF podem despertar o interesse e o prazer pela atividade física, dentro e fora da escola. As intervenções realizadas na escola e nas aulas de EF demonstraram que os adolescentes que participaram aumentaram a atividade física fora da escola. Isso pode indicar que aulas com melhores condições estruturais e pedagógicas poderiam contribuir para aumentar a atividade física dos alunos para além dos muros da escola.

Citação: Silva, D. J. d., Barbosa, A. O., Barbosa Filho, V. C., & Farias Júnior, J. C. d. (2022). Is Participation in Physical Education Classes Related to Physical Activity and Sedentary Behavior? A Systematic Review, Journal of Physical Activity and Health, 19(11), 786-808. Retrieved Nov 14, 2022.

Baixe o artigo na íntegra