O exercício físico pode desempenhar um papel importante na prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares em virtude de seus efeitos multissistêmicos.
Essas adaptações benéficas em todo o corpo incluem melhorias na saúde mitocondrial, na função vascular e no equilíbrio autonômico, juntamente com a atenuação da inflamação e a liberação de “exercinas” com efeitos pleiotrópicos.
Assim, vários grupos de pesquisa têm tentado desenvolver as chamadas “pílulas de exercício” ou “miméticos de exercício”: isto é, substâncias que são teoricamente capazes de reproduzir alguns dos benefícios cardiometabólicos associados ao exercício regular.
Nesta revisão, resumimos agentes farmacológicos e fitoquímicos que, quando usados isoladamente ou em combinação com exercícios, podem melhorar a saúde cardiometabólica. Também discutimos as lacunas atuais e as etapas futuras necessárias para traduzir essas descobertas em aplicações terapêuticas.
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Os efeitos benéficos multissistêmicos do exercício e o ambiente único do exercício em si são difíceis de imitar em uma pílula.
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Não se espera que nenhuma pílula substitua totalmente os exercícios num futuro próximo.
Compreendendo os benefícios cardiometabólicos do exercício físico
O exercício físico pode promover a prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares por meio de vários mecanismos, incluindo melhorias nos fatores de risco ‘tradicionais’ (hipertensão, sobrepeso/obesidade, diabetes e dislipidemia), bem como outras adaptações benéficas. Nas últimas duas décadas, os avanços em nossa compreensão dos mecanismos moleculares por trás dos benefícios cardiometabólicos do exercício abriram caminho para a pesquisa de drogas ou compostos sintéticos, as chamadas pílulas de exercício (ou miméticos de exercício), projetados para replicar alguns dos efeitos do exercício no desempenho de resistência e/ou saúde cardiometabólica.
Um desses compostos, 5-aminomidazol-4-carboxamida-1-β-D-ribofuranosídeo ( AICAR ), foi desenvolvido pela PeriCor Therapeutics e licenciado para a Schering-Plough em 2007 para estudos de fase III. Junto com GW501516 (GW1516, GSK-516, cardarine ou endurubol) , o AICAR foi postulado como um potencial ‘fármaco ativo por via oral para melhorar a adaptação ao treino ou mesmo para aumentar a resistência sem exercício’. Em 2009, a Agência Antidoping incluiu ambas as substâncias na Lista Proibida ( www.wada-ama.org/en/prohibited-list ) e vários atletas foram suspensos por testarem positivo para elas.
Figura 1. Efeitos cardiometabólicos do exercício: principais mecanismos biológicos.
Melhora da saúde mitocondrial (A); modulação da inflamação crônica (B); atenuação da disfunção endotelial vascular (C) e da aterosclerose (D); cardioproteção (incluindo melhora do equilíbrio autonômico) (E); e liberação de exercina (F). Abreviações: AGEs, produtos finais glicados avançados; AngII, angiotensina II; PA, pressão arterial; GLUT-4, transportador de glicose 4; ICAM-1, molécula de adesão intercelular; NO·, óxido nítrico; ROS, espécies reativas de oxigênio; VCAM-1, molécula de adesão celular vascular 1; VEGF, fator de crescimento endotelial vascular. Figura criada com BioRender.
Figura 4. Podemos substituir exercícios por pílulas?
Principais razões que explicam por que, atualmente, os benefícios multissistêmicos do exercício não podem ser imitados por uma pílula desenvolvida sob medida. Figura criada com BioRender.
Citação: Abel Plaza-Florido, Malene E. Lindholm, Pedro Carrera-Bastos, Alejandro Santos-Lozano, Pedro L. Valenzuela, Carmen Fiuza-Luces, Shlomit Radom-Aizik, Alejandro Lucia. Exercise pills for cardiometabolic health cannot mimic the exercise milieu. Trends in Endocrinology & Metabolism, 2025.
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