Benefícios dos esportes extracurriculares: uma análise global da saúde física e da função cognitiva pediátrica.
O presente estudo visa explorar o efeito de programas de atividade física (AF) e esportes extracurriculares sobre o desempenho acadêmico, cognitivo e psicossocial de crianças e adolescentes do estado de Nova York, em comparação com uma amostra pareada de crianças que não participam de atividades físicas extracurriculares.
Crianças em Nova York participam, em média, de 120 min·semana⁻¹ de AF por meio de recreio e programas de educação física durante o horário escolar.
- Isso corresponde a uma média de 17,14 min de AF por dia, ao longo de um período de 7 dias, o que não atinge os 60 min·dia⁻¹ de AF recomendados para benefícios ótimos à saúde de crianças em idade escolar.
Muitas crianças se beneficiam da AF fora do horário escolar por meio do tempo livre em família e/ou programas esportivos e recreativos extracurriculares. No entanto, nem todas as famílias têm acesso a recursos, instalações e ambientes equitativos e acessíveis para apoiar a AF fora do sistema escolar. A novidade da nossa pesquisa reside na amostra de crianças com desenvolvimento neurotípico, pareadas por fatores sociodemográficos como idade, sexo, raça, etnia, puberdade, renda familiar e quociente de inteligência (QI), para atenuar o efeito do viés social, racial e econômico e identificar os efeitos isolados da participação em esportes.
- A hipótese era de que crianças que recebem atividade física adicional em programas extracurriculares demonstrariam melhor desempenho em tarefas de função cognitiva e rendimento acadêmico, resultados mais positivos em avaliações de saúde mental e humor, e melhores resultados de saúde física em comparação com seus pares.
- O objetivo deste estudo é explorar os efeitos da participação em esportes e atividades físicas (AF) após as aulas sobre a saúde cerebral em amostras pareadas por fatores socioeconômicos e demográficos.
Métodos
- Os dados foram obtidos do protocolo da Rede de Cérebro Saudável do Child Mind Institute.
- Os participantes completaram quatro dias de avaliação em laboratório para coletar uma série de dados sobre saúde mental, cognitiva e física de jovens.
- Crianças de 6 a 16 anos foram incluídas nas análises e agrupadas com base em sua participação em esportes/atividade física fora do horário escolar.
- Testes t de amostras independentes (esportes n = 391; não esportes n = 391; idade 9,41 ± 2,38 anos) foram realizados para avaliar o desempenho acadêmico, a função cognitiva, a saúde mental e a saúde física (condicionamento físico, composição corporal, atividade física, força muscular e flexibilidade).
- Os grupos foram pareados por idade, sexo, raça, etnia, puberdade, nível socioeconômico e quociente de inteligência (QI).
Resultados
- Diferenças significativas na saúde cerebral entre os grupos foram observadas em relação às
- habilidades de função executiva (esportes: 51,38% ± 28,94%, não esportes: 45,24% ± 28,10%; P = 0,03),
- velocidade de processamento (esportes: 50,83% ± 27,80%, não esportes: 46,13% ± 27,48%; P = 0,02),
- sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) (esportes: 0,21 ± 0,97, não esportes: 0,37 ± 0,97; P = 0,02),
- problemas de atenção (esportes: 59,71 ± 8,78, não esportes: 61,49 ± 9,28; P = 0,006) e
- habilidades de consciência social (esportes: 56,52 ± 10,78, não-esportivo: 53,69 ± 9,95; P = 0,01) e
- habilidades de compreensão da linguagem (esportivo: 64,07% ± 27,66%, não-esportivo: 59,80% ± 28,44%; P = 0,03) em favor das crianças do grupo esportivo.
- Crianças que participaram de atividades esportivas também demonstraram
- melhor saúde física, conforme indicado pelo gasto energético diário (esportes: 1950,15 ± 476,09 calorias, não esportes: 1800,84 ± 469,22 calorias; P = 0,04),
- atividade física (esportes: 2,81 ± 0,79, não esportes: 2,59 ± 0,74; P = 0,002),
- escore z de aptidão física (esportes: 0,16 ± 1,05, não esportes: −0,08 ± 1,04; P = 0,02),
- frequência cardíaca em repouso (esportes: 79,26 ± 12,16 bpm, não esportes: 81,36 ± 12,94 bpm; P = 0,02) e
- força muscular na elevação do tronco (esportes: 9,40 ± 2,77 polegadas, não-esportivo: 8,91 ± 2,82 polegadas; P = 0,01) e
- flexibilidade no teste de sentar e alcançar (esportivo: 9,33 ± 2,93 polegadas, não-esportivo: 8,74 ± 3,15 polegadas; P = 0,007).

Conclusão
Ao controlar fatores demográficos importantes (idade, sexo, raça/etnia, puberdade, QI e nível socioeconômico), as crianças que participaram de esportes e atividades físicas após as aulas apresentaram melhores resultados em diversos indicadores de saúde física, cognitiva e mental em comparação com seus pares.
- Citação: Lim, Michelle; Gaudreau, Janis; Logan, Nicole E. Benefits of After-School Sports: A Global Analysis of Pediatric Physical Health and Cognitive Function. Exercise, Sport, and Movement 3(1):e00032, Winter 2025. | DOI:
- Leia a versão original e completa do artigo nesse LINK.
Timóteo Araújo
Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.
