Como construir bons instrumentos avaliativos para os Anos Finais do Ensino Fundamental?

Dinâmicas em grupo, definição de rubricas e projetos desenvolvidos ao longo do ano conferem protagonismo aos alunos e abrem caminhos para avaliações formativas

Todo aluno passa por diversas avaliações ao longo de sua trajetória escolar, e os professores seguem estratégias variadas para identificar o que foi aprendido ou ainda requer desenvolvimento. Provas com questões de múltipla escolha ou dissertativas, chamadas orais, autoavaliações, trabalhos em grupo, exercícios e outros métodos podem ser aplicados com diferentes objetivos. Nesse contexto, cada vez mais a avaliação pode constituir um meio, e não um fim, que proporciona aos estudantes avanços progressivos em suas aprendizagens, com propostas mais humanizadas, inovadoras e capazes de olhar para diferentes competências.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), competência significa mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. De acordo com Rodrigo Padilha, mestre em Educação, formador de professores e docente dos Anos Finais do Ensino Fundamental, alcançar esses fatores exige uma atuação dinâmica dos educadores.

“No trabalho com uma habilidade na qual aparecem os verbos de ação ‘identificar’ e ‘comunicar’, é possível solicitar que os alunos façam um podcast. Eles precisam pesquisar o tema em diferentes fontes, montar um roteiro, apresentá-lo ao professor para validação, gravar o podcast e compartilhar com os colegas”, exemplifica o professor. Segundo ele, caso a atividade resulte em apenas uma nota final baseada no produto, ela não indicará o que o aluno fez ou deixou de fazer ao longo do processo, nem as habilidades alcançadas. Porém, quando dividida em mais de um critério, informações importantes para o avanço do aprendizado podem ser obtidas.

Estímulo ao protagonismo dos estudantes

Ao pensar em avaliações para os Anos Finais do Ensino Fundamental, é necessário levar em conta que muitas mudanças acontecem nessa fase, e utilizar apenas uma forma de avaliação não prepara o estudante para os desafios que virão. Diferentemente de alunos do 6º ano, que aprendem melhor a partir de situações concretas, no 8º ou no 9º ano, a capacidade de abstração e reflexiva tende a ser maior. “Portanto, é interessante avaliar promovendo a mobilização de diferentes conhecimentos para solucionar problemas cotidianos”, diz Rodrigo.

Em um projeto interdisciplinar, por exemplo, o formador sugere que os professores definam juntos os critérios para avaliar as habilidades, que podem ser de cada componente ou do conjunto. No caso de uma atividade sobre biomas, que envolve Ciências e Geografia, esses critérios poderiam ser: criação do modelo de um bioma em conformidade com suas particularidades (solo, clima, fauna e flora); domínio do conteúdo durante uma apresentação oral; uso de fontes de pesquisa confiáveis para preenchimento do roteiro de atividades e uma representação gráfica do relevo.

Além disso, após dois anos de aulas remotas por causa da pandemia, o formador lembra que convidar o aluno a participar ativamente da aula é essencial. “Promover o protagonismo do estudante não é dar questões para ele responder. É engajá-lo a levantar questionamentos e buscar soluções, tendo em mente que esse é um trabalho contínuo, pois visa o aprendizado do aluno e não a nota, que virá como consequência.”

Na EMEF Padre Melico Candido Barbosa, em Campinas (SP), o professor Fernando Cardoso da Silva, que leciona História para turmas do 6º ao 8º ano, busca desenvolver o protagonismo dos alunos tanto no aprendizado quanto nas avaliações, por meio de práticas que ele vem aprimorando ao longo de sua trajetória profissional. “É uma proposta que fui construindo há mais de dez anos com os próprios alunos. Eu queria entender por que eles não tinham um bom rendimento mesmo dizendo que entendiam o conteúdo. Então, comecei a propor a autoavaliação combinada com uma avaliação das minhas aulas ao final de cada bimestre. Com isso, pude consolidar a estrutura que a minha aula tem atualmente.”


Aproveite para ler a publicação na íntegra no Portal NOVA ESCOLA


 

Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade,

Atividade Física e Longevidade

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