Custos de cuidados primários de saúde associados a trajetórias de atividade física ao longo de 10 anos – Dados Nacionais

Os principais pontos fortes do estudo são que os custos de saúde foram medidos diretamente por meio do acesso a registros médicos individuais e que consideramos as mudanças na atividade física ao longo de 10 anos

Em 2016, a prevalência global de inatividade física foi de 27,5%. Valores mais altos foram relatados na América Latina e no Caribe (39,1%), onde houve aumentos de mais de 5 pontos percentuais em relação às estimativas de 2001. Em 2016, a maior prevalência de inatividade física nessa região foi no Brasil (47%). 1

Neste estudo, foram coletados dados sobre os custos reais de 10 anos para o Sistema Único de Saúde (SUS) incorridos por adultos de meia-idade residentes em uma cidade de médio porte no estado de São Paulo, Brasil.

  • O objetivo deste estudo foi investigar se os custos com saúde foram influenciados pelas trajetórias de atividade física (AF) ao longo de um período de 10 anos. 
  • Os objetivos específicos foram
    • (1) identificar trajetórias de AF ao longo de 10 anos em adultos de meia-idade e
    • (2) investigar os custos da atenção primária à saúde associados às diferentes trajetórias.

Métodos :

  • Estudo de coorte prospectivo com acompanhamento de 10 anos de 547 adultos com idade ≥50 anos que utilizaram o Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Bauru (cidade de médio porte com aproximadamente 344.000 habitantes, localizada no estado de São Paulo), que foram acompanhados de 2010 a 2020.
  • A AF (questionário) foi avaliada a cada 2 anos, medida em cada pesquisa usando a versão brasileira do questionário de Baecke.
  • A pontuação da AF foi usada em modelos de trajetória de classe latente, e 4 trajetórias foram escolhidas:
    • (1) baixa (participantes que iniciaram e terminaram o acompanhamento com os menores valores de AF),
    • (2) moderada (participantes que iniciaram com níveis moderados de AF e tiveram uma ligeira diminuição),
    • (3) decrescente (participantes que mostraram uma diminuição acentuada) e
    • (4) alta (participantes que iniciaram e terminaram com os maiores níveis de AF).
  • Os custos com saúde foram recuperados de prontuários médicos.
  • A regressão quantílica foi realizada para comparar os custos de acordo com as trajetórias de AF. 

Resultados :

  • Os valores medianos das pontuações de AF diminuíram ao longo do tempo em todos os grupos, mas isso foi mais evidente no grupo Decrescente (declínio de 54%).
  • Os custos em cada ano tornaram-se mais altamente distorcidos ao longo do tempo, com custos máximos muito altos (aproximadamente US$ 200) observados nos grupos Baixo e Decrescente.
  • Os grupos Moderado e Alto apresentaram custos menores do que o grupo Baixo nas análises da mediana e do 90º percentil.
  • Usando os dados da mediana, em comparação com os custos no grupo Baixo, os custos foram reduzidos em 26% e 43% nos grupos Moderado e Alto, respectivamente.
  • No 90º percentil, essas reduções foram de 48% e 55%, respectivamente. 

Figura 1

Custos medianos anuais com saúde, por pessoa, de 2010 a 2020, de acordo com o grupo de trajetória de atividade física. Os diagramas de caixa mostram a mediana (barras sólidas), os percentis 25 e 75 (bordas inferior e superior da caixa, respectivamente), bem como os valores mínimo e máximo (bordas inferior e superior da linha, respectivamente).

Figura 2. Trajetória dos grupos de pontuação de atividade física habitual de 2010 a 2020.

Figura 3. Os valores medianos das pontuações de PA diminuíram ao longo do tempo em todos os grupos, mas isso foi mais evidente no grupo Decrescente, que começou com uma pontuação de 7,7 (0,9) e terminou com uma pontuação de 3,5 (1,1) (queda de 54%). Os grupos Baixo e Moderado também mostraram declínios acentuados (29,1% e 16,7%, respectivamente). O grupo Alto teve a menor queda (2010 = 8,1 [1,04]; 2020 = 7,45 [1,05]; queda de 7,5%; veja a Figura  4 ). As pontuações foram notavelmente baixas em todos os grupos de trajetória em 2016.

Tabela: Os resultados das análises de regressão quantílica das associações entre trajetórias de AP e os percentis 50, 75 e 90 dos custos de assistência médica.

  • No modelo bruto, os grupos Moderado e Alto apresentaram custos menores que o grupo Baixo tanto na análise da mediana quanto do percentil 90.
  • Esses resultados permaneceram inalterados nos modelos ajustados.
  • Usando os dados da mediana, em comparação com os custos no grupo baixo, os custos foram reduzidos em 26% e 43% nos grupos Moderado e Alto, respectivamente.
  • Na extremidade superior da distribuição (percentil 90), essas reduções foram de 48% e 55%, respectivamente.

Conclusão : A obtenção e a manutenção de níveis moderados ou altos de AF ao longo de 10 anos foram associadas a economias de custos significativas.


Citação: Codogno, J. S., Brown, W. J., Turi-Lynch, B. C., Morais, L. C. d., Lemes, Í. R., Monteiro, H. L., & Mielke, G. I. (2025). Primary Health Care Costs Associated With Trajectories of Physical Activity Over 10 Years. Journal of Physical Activity and Health (published online ahead of print 2025). Retrieved Jul 16, 2025.

Leia a versão original do artigo nesse LINK.

Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.

Atividade Física e Longevidade

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