Desigualdades na atividade física e no IMC ao longo da infância: um estudo de coorte de nascimentos no Brasil
Utilizando a Coorte de Nascimentos de Pelotas (Brasil) de 2015, o estudo atual investigou diferenças na atividade física (AF) e no IMC para idade entre sexo, raça e status socioeconômico (SSE) nas idades de 1 (n = 4.018), 2 (n = 4.014), 4 (n = 4.010) e 7 (n = 3.867).
Métodos
Dados demográficos coletados por meio de pesquisas incluíram sexo ao nascer, cor da pele, um proxy para raça, aos 4 anos, e um índice de ativos coletado em todas as idades para determinar o SES. Altura e peso estimaram o IMC para a idade e a AF por meio de acelerômetros de pulso. Médias e intervalos de confiança de 95% descreveram a AF e o IMC para a idade, utilizando testes t, ANOVAs e testes qui-quadrado para determinar diferenças significativas. Modelos de trajetória compararam padrões longitudinais de 1 a 7 anos.
Resultados
- A partir dos 2 anos de idade, crianças negras e pardas e crianças mais pobres praticaram mais AF.
- Crianças mais pobres apresentaram IMC para a idade mais baixo aos 4 e 7 anos.
- Modelos de trajetória revelaram que meninos, negras e pardas e crianças mais pobres representavam grupos com AF crescente e alta. Meninos e crianças negras e pardas foram mais prevalentes em grupos com trajetória de IMC para a idade mais alta.
Interpretação
- O estudo atual revelou desigualdades na AF e no IMC para a idade em diversas variáveis demográficas durante os primeiros anos de vida.
- Esses resultados podem revelar quando as desigualdades podem surgir e indicar os momentos para intervir em populações em risco de baixa qualidade de vida relacionada à saúde.
Fig. 1. Equiplots de atividade física de acordo com sexo, etnia e índice de ativos (1-mais pobre, 5-mais rico).

Financiamento
O presente estudo foi financiado inicialmente pelo Wellcome Trust ( 095582 ), e parcialmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico , Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul , Pastoral da Criança e Departamento de Ciência e Tecnologia ( DECIT / Ministério da Saúde do Brasil ).
- Citação: Shelby A. Keye, Pedro Curi Hallal, Inacio Crochemore-Silva, Marlos Rodrigues Domingues, Giulia Salaberry Leite, Otávio Amaral de Andrade Leão. Physical activity and BMI inequalities throughout childhood: a Brazilian birth cohort study. The Lancet Regional Health – Americas, 46: 2025.

Timóteo Araújo
Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.