Por que esse estudo é importante?

A obesidade é uma preocupação crescente de saúde pública global, com 39% dos adultos com sobrepeso e 13% sendo obesos em todo o mundo. As diretrizes de controle da obesidade foram elaboradas para promover estratégias de estilo de vida, incluindo exercícios e restrição calórica para reduzir o índice de massa corporal (IMC) de indivíduos com obesidade.

Embora o IMC possa fornecer uma estimativa válida e fácil da saúde metabólica, não permite distinguir entre gordura subcutânea e visceral. A gordura visceral representa um risco metabólico muito maior do que a gordura subcutânea. Consequentemente, o IMC pode não refletir totalmente o risco de doenças cardiometabólicas, pois não consegue discernir a variabilidade individual na deposição de gordura.

Como foi o estudo sobre isso?

Neste estudo, foi comparado os efeitos do exercício versus os efeitos da restrição calórica na redução da gordura visceral em indivíduos com sobrepeso e obesidade. O exercício causa perda de gordura por meio de um aumento no gasto de energia, enquanto a restrição calórica resulta em perda de gordura por meio de uma diminuição na ingestão de energia. Para garantir uma comparação precisa, usamos o déficit calórico semanal para controlar os efeitos gerais das duas intervenções.

Os autores conduziram uma extensa revisão da literatura e buscamos estudos onde indivíduos com sobrepeso e/ou obesidade foram aleatoriamente designados para um exercício ou intervenção de restrição calórica, ou para uma condição de controle que não envolvia mudanças no gasto e ingestão de energia. Extrairam os dados relevantes dos estudos elegíveis e comparamos até que ponto o exercício e a restrição calórica reduziram a gordura visceral, conforme medido por ressonância magnética ou tomografia computadorizada, que são as abordagens mais precisas para avaliar a adiposidade visceral. Realizamos uma avaliação de qualidade dos estudos incluídos e conduzimos análises estatísticas rigorosas para garantir que nossas descobertas fossem precisas e rigorosamente obtidas.

O que o estudo descobriu?

No geral, coletaram dados de 40 estudos envolvendo 2.190 indivíduos. Embora tanto o exercício quanto  a restrição calórica reduzam efetivamente a gordura visceral, apenas o exercício demonstrou uma relação dose-resposta (ver Figuras 1 e 2), mostrando que quantidades crescentes de exercício resultam em maior perda de gordura visceral. O efeito da restrição calórica não foi dose-dependente, sugerindo que maiores déficits calóricos não necessariamente se traduzem em maior perda de gordura visceral.

Figura 1: Efeitos dose-resposta de estudos de exercícios na gordura visceral:

Figura 2: Efeitos dose-resposta de estudos de restrição calórica na gordura visceral:

Quais são os principais pontos para levar para casa?

Os resultados sugerem que quantidades crescentes de exercício se traduzem em maiores reduções na  gordura visceral em pessoas com sobrepeso e/ou obesidade do que a restrição calórica. Embora a restrição calórica também possa efetivamente reduzir a gordura, não houve uma relação dose-resposta. Apesar de ambas as intervenções atingirem a perda de gordura por meio de um balanço energético negativo, parece haver algumas diferenças inerentes entre exercício e restrição calórica. Uma teoria é que uma perda substancial de peso corporal por meio de dieta também resultaria em perda de massa muscular e isso diminuiria a taxa metabólica basal. Uma taxa metabólica mais baixa exigiria uma redução adicional nas calorias para perda de peso e isso seria autoperpetuado. Em contraste, a perda de gordura induzida pelo exercício pode ser alcançada preservando a massa muscular.

No geral, as descobertas substanciam o papel do exercício para melhorias na saúde metabólica e apoiam o uso do exercício para reduzir a gordura visceral em indivíduos com sobrepeso e/ou obesidade. Mais pesquisas são necessárias para confirmar os efeitos da restrição calórica na gordura visceral.

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Citação: Lee, Stephan HS Wong, and Parco M Siu. Exercise versus caloric restriction for visceral fat loss – which is better?  British Journal of Sports Medicine, 2023

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