Força, potência e capacidade aeróbica de atletas transgêneros: um estudo transversal – Estudo Internacional

Atletas mulheres transgênero demonstraram desempenho inferior ao de mulheres cisgênero nas métricas de relação volume expiratório forçado em 1 s:capacidade vital forçada, altura do salto e V̇O 2 máx. relativo. Demonstraram maior força de preensão manual absoluta do que mulheres cisgênero.

O objetivo principal deste estudo transversal foi comparar métricas de desempenho laboratorial padrão de atletas transgêneros com atletas cisgêneros.

Métodos:

  • 19 homens cisgêneros (HCis) (média ± DP, idade: 37 ± 9 anos),
  • 12 homens transgêneros (HTrans) (idade: 34 ± 7 anos),
  • 23 mulheres transgêneros (MTrans) (idade: 34 ± 10 anos) e
  • 21 mulheres cisgêneros (MCis) (idade: 30 ± 9 anos)
  • foram submetidos a uma série de testes laboratoriais padrão de desempenho, incluindo composição corporal, função pulmonar, teste de exercício cardiopulmonar, força e potência dos membros inferiores.
  • A concentração de hemoglobina no sangue capilar e de testosterona e estradiol no soro também foram medidas.
  • Os participantes deveriam participar de esportes competitivos ou realizar treinamento físico pelo menos três vezes por semana.
  • Após consentimento por escrito, os participantes foram solicitados a registrar suas últimas quatro sessões de treinamento e autoavaliar sua intensidade de treinamento para cada sessão em uma escala de 1 a 10 (10 = intensidade máxima). A média das quatro sessões foi registrada para representar a intensidade de treinamento dos atletas.
  • Os atletas transgêneros devem ter completado ≥ 1 ano de GAHT, divulgado voluntariamente durante o consentimento e verificado durante a análise do exame de sangue. Os critérios completos de inclusão/exclusão podem ser encontrados no protocolo do estudo, disponível como pré-impressão.
  • Duas mulheres cisgênero e um homem transgênero não puderam fornecer amostras de sangue e, consequentemente, foram excluídos de todas as análises, pois seus perfis endócrinos não puderam ser verificados. Além disso, duas mulheres transgênero e uma mulher cisgênero foram excluídas de todas as análises devido às concentrações de testosterona excederem as concentrações recomendadas de testosterona feminina (2,7 nmol/L

Resultados

  • Nesta coorte de atletas, MT apresentaram
    • concentração de testosterona semelhante (MT 0,7±0,5 nmol/L, CW 0,9±0,4 nmol/),
    • maior nível de estrogênio (MT 742,4±801,9 pmol/L, MC 336,0±266,3 pmol/L, p=0,045),
    • maior força de preensão manual absoluta (MT 40,7±6,8 kg, CW 34,2±3,7 kg, p=0,01),
    • menor relação entre volume expiratório forçado em 1 s:capacidade vital forçada (MT 0,83±0,07, MC 0,88±0,04, p=0,04),
    • menor altura relativa do salto (MT 0,7±0,2 cm/kg; MC 1,0±0,2 cm/kg, p<0,001) e
    • menor V̇O 2 máx relativo (MT 45,1±13,3 mL/kg/min/, MC 54,1±6,0 mL/kg/min, p<0,001) em comparação com atletas de MC.
  • HT teve concentração de testosterona semelhante (HT 20,5±5,8 nmol/L, HC 24,8±12,3 nmol/L), menor força de preensão manual absoluta (HT 38,8±7,5 kg, HC 45,7±6,9 kg, p = 0,03) e menor V̇O2 máx absoluto (HT 3635±644 mL/min, MC 4467±641 mL/min p = 0,002) do que HC.

Figura 1. Medidas sanguíneas. (A) testosterona; (B) estradiol; (C) hemoglobina. *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001, ****p<0,0001. CM, homens cisgênero; CW, mulheres cisgênero; TM, homens transgênero; TW, mulheres transgênero.

 

Figura 2. Medidas de função pulmonar. (A) Volume respiratório forçado em 1 s (VEF 1 ); (B) capacidade vital forçada (CVF) (C) Índice de Tiffeneau-Pinelli modificado (VEF 1 :CVF); (D) pico de fluxo expiratório (PFE). *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001, ****p<0,0001. CM, homens cisgênero; CW, mulheres cisgênero; TM, homens transgênero; TW, mulheres transgênero.

Figura3. Medidas de força de preensão manual (VM) absoluta e relativa. (A) Força absoluta (mão direita); B) Força absoluta (mão esquerda) (C) força relativa ao tamanho da mão (mão direita); (D) força relativa ao tamanho da mão (mão esquerda); (E) força relativa à massa livre de gordura (MLG) (mão direita); (F) força relativa à massa livre de gordura (mão esquerda). *p<0,05, ***p<0,001, ****p<0,0001. CM, homens cisgênero; CW, mulheres cisgênero; TM, homens transgênero; TW, mulheres transgênero.

 

Conclusão Embora estudos longitudinais de transição de atletas transgêneros sejam urgentemente necessários, esses resultados devem alertar contra proibições preventivas e exclusões de elegibilidade esportiva que não sejam baseadas em pesquisas específicas do esporte (ou relevantes para o esporte).


CitaçãoHamilton BBrown AMontagner-Moraes S, et al. Strength, power and aerobic capacity of transgender athletes: a cross-sectional study. 

Aproveite para baixar a versão origina do artigo nesse LINK.

Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.

Atividade Física e Longevidade

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