Idosos sofrem com descaso e falta de políticas públicas adequadas

Resgate de senhora que sofria maus tratos no Entorno do DF chama a atenção para as dificuldades que pessoas com mais de 60 anos enfrentam, justo na fase em que mais precisam de cuidado e aconchego

Em situação de abandono e mantida em cárcere privado pela própria filha, uma senhora de 90 anos foi resgatada em 13 de julho, pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), após receber denúncia por meio da 1ª Delegacia de Polícia Civil da região. A unidade cumpriu um mandado de busca e apreensão no local para averiguar a denúncia recebida por meio do Disque 100 e pelo Centro de Referência de Assistência Social (Creas).

A polícia encontrou a vítima dentro de um apartamento, trancada e sozinha em um condomínio de Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Em visita à senhora, uma assistente social do Creas foi recebida pela janela e percebeu uma válvula do fogão aberta que exalava forte cheiro de gás. A idosa contou que ficava trancada em casa e a filha gritava e brigava com ela quando aparecia, pois trabalhava muito e quase não voltava para a residência. Vizinhos da confirmaram a situação de abandono no local, onde também havia baratas, um armário e um refrigerador sem comida. A vítima está sendo acompanhada pelo CRAS e, até o fechamento desta edição, a suspeita de maus tratos seguia foragida.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao 1º trimestre de 2023,apontam que, no DF, residem hoje 370 mil pessoas com 60 anos ou mais. Isso representa cerca de 11,7% da população, o que torna Brasília a sexta cidade com menor proporção de pessoas idosas, dentre as 27 capitais brasileiras.

Mas chegar à terceira idade não tem sido um caminho fácil e agradável, justo no momento em que as pessoas mais precisam de conforto e aconchego. Muitas não encontram cuidados, carinho e nem solidariedade por parte da família. A situação de abandono, descaso e desvalorização é rotina  na vida de muitos idosos que vivem no Distrito Federal. Além das dificuldades encontradas em espaços públicos, a violência física, emocional e financeira são obstáculos que fazem parte do dia a dia de quem tem mais de 60 anos, segundo estudiosos do tema.

O advogado Mauro Freitas, especialista em direito da pessoa idosa e vice-presidente do Conselho do Idoso do DF, explica que a Comissão de Defesa de Direito do Idoso da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) recebe várias denúncias diariamente. Boa parte delas envolve maus tratos, abandono, assédio, golpes financeiros e descasos no transporte público.

Freitas informa que 80% das violências contra pessoas idosas ocorrem na própria residência, sendo que mais de 50% são praticadas pelos próprios filhos. Como as pessoas idosas ficam mais tempo em casa, isso gera maior intensidade de violência domiciliar e um maior índice de conflitos, como se observou durante o período da pandemia. Mesmo assim, de acordo com ele, o trabalho de defesa e proteção a essas pessoas perde força por falta de investimentos em políticas públicas. “Apesar de Brasília ter vocação para  ser a capital da longevidade,  denúncias contra a pessoa idosa aumentam a cada ano”, alerta.

“Estamos acostumados com a cultura de desvalorização das pessoas idosas no país, bem como a exclusão delas  no meio social e familiar, porque a população acha normal desvalidar alguém quando deixa de trabalhar ou produzir. A partir desse momento, ela perde sua autonomia, o que caracteriza uma violência psicológica de modo muito sutil na sociedade”, explica a delegada Ângela Santos, chefe da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

De acordo com a delegada, são vários os tipos de violências cometidas contra idosos, tanto praticadas por terceiros, como golpes, roubos e estelionatos, como as que envolvem o meio familiar. “Quando afastam o poder da pessoa idosa de gerir seus bens, por exemplo, de ter autonomia, estão tirando dela, o direito de inclusão,a tornando incapaz e as colocando numa situação de vulnerabilidade”, enfatiza Ângela.


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Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade,

Atividade Física e Longevidade

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