• O exercício em ambiente aquático tem ganho progressivamente popularidade, particularmente na população idosa, uma vez que minimiza ou supera algumas desvantagens existentes nos programas de exercício em terra devido a propriedades específicas da água, como a flutuabilidade e a viscosidade da água.
• Tais propriedades ajudam a reduzir a tensão nas articulações e oferecem suporte adicional para o equilíbrio e outros problemas associados à falta de força, como é muito frequente na fragilidade, proporcionando um ambiente mais seguro e protetor para o exercício físico. Além disso, os programas de exercícios aquáticos parecem ser pelo menos tão ou até mais eficazes que os programas de exercícios terrestres para melhorar a saúde e o bem-estar dos idosos.

O objetivo do presente estudo randomizado controlado foi verificar os efeitos de diferentes programas de exercícios físicos aquáticos sobre a composição corporal, aptidão funcional e função cognitiva em idosos não institucionalizados.

Métodos

• 102 idosos foram alocados aleatoriamente em quatro diferentes grupos:
  • AerG ( n = 25, 71,44 ± 4,84 anos);
  • IntG ( n = 28, 72,64 ± 5,22 anos);
  • ComG ( n = 29, 71,90 ± 5,67 anos) e
  • GC ( n= 20, 73,60 ± 5,25 anos).
• Todos os três grupos experimentais (AerG, IntG e ComG) realizaram diferentes tipos de exercícios aquáticos simultaneamente por 28 semanas.
• Os participantes do grupo controle (GC) foram orientados a manter suas atividades diárias normais, inclusive não realizando nenhum tipo de exercício físico sistemático durante o mesmo período de tempo.
• Todos os participantes foram avaliados quanto à
  • parâmetros antropométricos: estatura (THGT), peso (WGT); índice de massa corporal (IMC); gordura visceral (VF); percentual de massa gorda (MG) e massa corporal muscular (MCM) circunferência da cintura (CCir); circunferência do braço (ACir) e circunferência da perna (LCir),
  • aptidão funcional: teste de levantar da cadeira (30 s-CS) e teste de flexão de braço (30 s-AC), a capacidade aeróbica foi avaliada por meio do teste do degrau de dois minutos (2m-ST) a flexibilidade de membros inferiores (CSR) e teste de coçar as costas (BS), e timed up and go test (TUG), teste de preensão palmar (HG-T).
  • A função cognitiva mini-exame do estado mental (MEEM)
  • em dois momentos, ou seja, pré (M1) e pós-intervenção (M2).

Intervenção:

• Todas as sessões do programa de exercícios tiveram duração de 45 min, duas vezes por semana, durante 28 semanas e foram realizadas em ambiente aquático (nível da água entre 0,80 e 1,20 m, com temperatura de aproximadamente 32 °C)
• Cada sessão teve um limite máximo de 16 participantes, com uma proporção de 1 treinador de exercícios para cada 16 participantes. As sessões de hidroginástica foram organizadas em três seções diferentes: parte inicial, principal e final.

1. A parte inicial, ou aquecimento, durou entre 10 e 15 min, em baixa intensidade (30-40% da FC máx), e foi a mesma nos três programas de hidroginástica.
2. A parte principal de cada uma das três sessões do programa de hidroginástica teve duração de 20 a 30 min e todas foram caracterizadas da seguinte forma:
   •  No programa aeróbico contínuo aquático, os exercícios aeróbicos foram utilizados continuamente durante a parte principal da sessão (20 a 30 min), com uma intensidade alvo de 60 a 70% da frequência cardíaca máxima
   • No programa aeróbico intervalado na água, a parte principal da sessão consistia na realização de exercícios com diferentes intensidades, tais como: exercícios de curta duração de 30 segundos, com intensidade de 70-80% da frequência cardíaca máxima, seguidos de exercícios ativos intervalos de recuperação de 1 minuto, utilizando exercícios com intensidade de 60-70% da frequência cardíaca máxima;
   • No programa de treinamento combinado aquático (força muscular e aeróbica contínua), a parte principal da sessão foi dividida em duas fases, com tempos iguais. A primeira fase consistiu em exercícios aeróbicos de forma contínua, com intensidade alvo entre 60 e 70% da frequência cardíaca máxima. Na segunda fase, foram aplicados exercícios de fortalecimento muscular (meio aquático): 6 a 8 exercícios diferentes, com equipamentos auxiliares para criar mais resistência ao movimento (ex: “espaguete” e halteres), abrangendo o fortalecimento muscular do tronco (ex: remo , flexões invertidas, etc.), membros superiores (por exemplo, flexão e extensão do cotovelo, rotação do ombro, etc.) e membros inferiores (por exemplo, flexão e extensão do joelho, abdução e adução da perna, etc.).

• A parte final das sessões de hidroginástica durou entre 5 e 10 min e foi a mesma para cada um dos três programas de hidroginástica.

Resultados: 

Diferenças significativas para composição corporal foram encontradas entre M1 e M2 para

• FM ( p < 0,001), LBM ( p < 0,001) e WCir ( p < 0,01) no AerG, para IMC ( p < 0,05), FM ( p < 0,05) , LBM ( p < 0,001) e LCir-R ( p < 0,05) no IntG, e para WGT ( p < 0,01), FM (p < 0,05), LBM ( p < 0,01), LCir-R ( p < 0,05) e LCir-L ( p < 0,01) nos grupos ComG.

Para a aptidão funcional, foram encontradas diferenças entre M1 e M2 para

• 2m-ST ( p < 0,000), 30s-CS ( p < 0,000), 30s-AC ( p < 0,05), HG-TR ( p < 0,000) e HG- TL ( p < 0,000) no AerG, para 2m-ST ( p < 0,05), BS-R ( p < 0,05), 30s-CS ( p < 0,000), 30s-AC ( p < 0,01), HG-TR ( p < 0,000) e HG-TL ( p < 0,000) no IntG, e para 30s-CS ( p < 0,000), HG-TR (p < 0,000) e HG-TL ( p < 0,000) nos grupos ComG.

Conclusão

• O presente estudo evidenciou os efeitos benéficos do exercício físico em ambiente aquático sobre a composição corporal, aptidão funcional e função cognitiva em idosos não institucionalizados.
• O programa de exercícios aquáticos ComG apresentou efeitos mais benéficos na melhora da composição corporal e variáveis ​​da função cognitiva, enquanto os programas IntG e AerG foram mais efetivos na melhora da aptidão funcional.

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Citação: Farinha C, Ferreira JP et al. Impact of Different Aquatic Exercise Programs on Body Composition, Functional Fitness and Cognitive Function of Non-Institutionalized Elderly Adults: A Randomized Controlled Trial. Int J Environ Res Public Health. 25;18(17):8963, 2021.

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