Infantilizar um idoso, uma atitude etarista e estereotipada

A chamada ‘elderspeak’, linguagem infantilizada, pressupõe fragilidade, incapacidade e dependência – o que nem sempre é verdade

Um excelente exemplo de elderspeak, a linguagem infantilizada que muitas vezes usamos para falar com pessoas mais velhas: Cindy Smith estava visitando o pai em seu apartamento de moradia assistida em Roseville, Califórnia. Uma assistente que tentava convencê-lo a fazer algo – Cindy não se lembra exatamente o quê – disse: “Deixe-me ajudá-lo, meu querido”.

“Ele simplesmente lançou ‘aquele olhar’ – sob suas sobrancelhas espessas – e disse: “Como assim? Nós vamos nos casar
agora?’”, lembra Cindy, que riu bastante da cena.

Na época, seu pai tinha 92 anos, era planejador municipal aposentado e veterano da Segunda Guerra. A degeneração macular havia reduzido a qualidade de sua visão e ele usava um andador para se locomover, mas ainda tinha a cognição afiada. “Ele geralmente não era frio com as pessoas”, diz Cindy.

“Mas tinha a sensação de que, embora fosse adulto, nem sempre era tratado como tal.”

As pessoas entendem quase intuitivamente o que significa elderspeak (algo como “linguagem de idosos”, na tradução direta). “É aquela comunicação com as pessoas mais velhas que soa como a linguagem que usamos com os bebês”, define Clarissa Shaw, pesquisadora de cuidados com demência na Faculdade de Enfermagem da Universidade de Iowa e coautora de um artigo recente que ajuda pesquisadores a documentar seu uso. “Ela surge de uma pressuposição etarista de fragilidade,
incapacidade e dependência.”

Entre seus elementos centrais estão as expressões carinhosas inadequadas. “Essa linguagem às vezes é controladora, meio mandona, então, para suavizar a mensagem, usamos termos como ‘meu querido’, ‘meu bem’, ‘meu doce’”, comenta Kristine Williams, enfermeira gerontóloga da Escola de Enfermagem da Universidade do
Kansas e outra coautora. “Temos estereótipos negativos sobre os idosos, então mudamos a maneira como falamos.”


 

Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.

Atividade Física e Longevidade

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