O que anda errado com o design para a terceira idade.
A oportunidade de usar ótimos designs em produtos e serviços para adultos mais velhos é enorme, mas para fazer isso com sucesso será necessário olhar para além das narrativas enraizadas sobre este grupo e envolvê-los no processo de design. Mais importante: deveríamos nos forçar a pensar em maneiras de desenvolver designs para vidas mais ricas, conectadas e com propósito – e não somente mais longas. Então, como nos livrar das nossas visões tradicionais de design para este mercado gigantesco de pessoas que estão envelhecendo?
O FrameWorks Institute fez um bom avanço nesse sentido, criando uma biblioteca de pesquisas e ferramentas sobre o impacto das palavras que usamos e como elas podem atrapalhar a inovação, as políticas e o progresso. Diz um dos trechos: “O reenquadramento do problema [do envelhecimento] requer um rompimento com a alienação das pessoas mais velhas e uma mensagem de que a velhice, assim como todas as idades, possui desafios e oportunidades. Por quê? Nossa pesquisa mostra que suposições negativas sobre o envelhecimento levam as pessoas a dissociar-se do envelhecimento e assumir a posição pessimista de que nada pode ser feito para melhorar suas condições.”
Exemplo desta “alienação” são os típicos dispositivos de auxílio doméstico projetados para idosos. Eles resolvem um problema específico para pessoas com dificuldades de mobilidade, mas seu design é “alienador.” Muitos destes produtos possuem uma característica clínica, quase hospitalar, que grita “velho”, “frágil” e “sem graça”. Da mesma forma, faltam marcas e ideias que reconheçam o potencial e a riqueza da vida após os 65 – ou, porque não, que haja vida após os 65.
Timóteo Araújo
Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade,