Não há dúvida de que o alongamento das vidas é uma das conquistas sociais mais importantes da segunda metade do século XX. Expectativas de vida em torno de cem anos foram projetadas para os países em desenvolvimento para meados deste século. Mas mudanças nem sempre acontecem em uma única direção. Avanços e retrocessos são parte da História. Além de resultar em mortes precoces, com impacto na expectativa de vida e no crescimento da população em geral, em especial na idosa, a pandemia da Covid-19 está acentuando as incertezas antes existentes quanto às condições de saúde, renda e autonomia que experimentarão os idosos no futuro. Pelo menos até o momento, os idosos brasileiros estão perdendo 4,3 anos do tempo que poderiam ainda viver. Como recuperar isso é uma questão ainda não equacionada – e certamente levará muito mais tempo do que foi gasto na redução.
Visões negativas a respeito do aumento da expectativa de vida associam-na a um aumento no tempo em que os idosos experimentarão perdas de capacidade física, cognitiva e autonomia, onerando os serviços de saúde e impondo sobrecarga às famílias. Pouco se sabe sobre as sequelas deixadas pela Covid, acrescidas dos efeitos do isolamento social, mas acredita-se que os sobreviventes estão colocando ainda mais pressão sobre a demanda de cuidados e de serviços de saúde, em um contexto de redução da capacidade da família de cuidar. Como consequência, acredita-se que uma visão negativa da velhice e dos idosos está se acentuando no transcorrer da pandemia e, com ela, um aumento dos preconceitos com relação a essa população.
Para finalizar, destaca-se que a pandemia reforçou os desafios já acarretados pelo envelhecimento, ou seja, as demandas por políticas públicas se intensificaram, especialmente as relativas à renda, aos cuidados e à saúde. O atendimento dessas demandas é de fundamental importância para que a população brasileira possa ir muito além dos 60.
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