Reservar tempo para a saúde cerebral: reconhecendo a desigualdade temporal na redução do risco de demência.
O tempo é um determinante social pouco reconhecido da saúde cerebral e potencialmente tão importante quanto a educação ou a renda para o risco de demência. A desigualdade temporal refere-se à distribuição desigual do tempo livre devido a condições estruturais que moldam a vida diária.
Ela abrange tempo insuficiente para descanso, ritmos biológicos desalinhados, lazer fragmentado e a invasão do tempo pessoal pelas demandas do trabalho ou digitais. A pobreza de tempo é uma manifestação mensurável, que denota tempo insuficiente para a saúde cerebral, afetando desproporcionalmente populações estruturalmente desfavorecidas e sendo exacerbada por culturas orientadas para o desempenho. Embora haja fortes evidências de fatores de risco modificáveis para demência, como sono, atividade física, nutrição e engajamento social, a adoção de comportamentos saudáveis exige tempo. Nesta Perspectiva Pessoal, integramos insights da epidemiologia, neurociência e pesquisas sobre o uso do tempo para argumentar que abordar a desigualdade temporal é essencial para a saúde cerebral e a redução do risco de demência.
Defendemos a justiça temporal por meio de pesquisas e políticas que reconheçam o tempo tanto como um recurso quanto como um espaço de desigualdade no envelhecimento e na demência. Nesse sentido, delineamos futuras direções de pesquisa, incluindo o desenvolvimento de métricas para a desigualdade temporal, estudos longitudinais que relacionem padrões de uso do tempo a desfechos de saúde cerebral e pesquisas de intervenção para avaliar políticas que ampliem o acesso equitativo ao tempo.
Figura: Ilustração integrativa dos fatores em nível micro (individual), meso (relacional e organizacional) e macro (sistêmico) que moldam a experiência, o uso e a disponibilidade de tempo das pessoas, relevantes para a saúde cerebral. IA = inteligência artificial.

Nesta Perspectiva Pessoal, referimo-nos à desigualdade temporal como um conceito mais amplo, que engloba não apenas a pobreza de tempo, mas também outras dimensões temporais, como o alinhamento circadiano e o tempo digital ( painel 1 ). Para fundamentar esta perspectiva, realizamos uma pesquisa bibliográfica narrativa no PubMed e no Google Scholar, utilizando uma ampla gama de termos relacionados ao tempo e à saúde cerebral.
- Desigualdade temporal
- Pouca disponibilidade de tempo
- Pluralidade temporal
- Autonomia temporal
- Soberania temporal
- Justiça temporal
- Tempo digital
- alinhamento circadiano
- alinhamento temporal
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Citação: Röhr, Susanne et al.Making time for brain health: recognising temporal inequity in dementia risk reduction. The Lancet Healthy Longevity, Volume 0, Issue 0, 100768.
- Baixe e leia a versão original nesse LINK.
Timóteo Araújo
Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade. Atuando no Centro de Convivência AMI - Bem Estar.
