Transtorno depressivo maior e risco de suicídio associado à inatividade física entre mulheres afrodescendentes quilombolas

Comunidades quilombolas são grupos étnico-raciais, com trajetória histórica própria, dotadas de relações territoriais específicas e com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

A depressão e o risco de suicídio constituem graves preocupações de saúde mental que afetam de forma intensa populações vulneráveis, como as comunidades quilombolas. Embora a prática de atividade física seja amplamente reconhecida por seus benefícios na prevenção e manejo da depressão, ainda são escassos os estudos que abordem de maneira específica as particularidades dessa população.

Objetivo  O objetivo deste estudo é analisar a associação do transtorno depressivo maior (TDM) e risco de suicídio (RS) com a prática de atividade física de mulheres quilombolas.

Método

  • Trata-se de um estudo transversal, de abordagem domiciliar, em comunidades quilombolas no Rio Grande do Sul.
  • A presença atual de TDM e RS foi verificada através do instrumento International Neuropsychiatric Interview (MINI).
  • A prática de atividades física foi obtida pelo International Physical Activity Questionnaire (IPAQ).
  • Trata-se de um estudo transversal, aninhado a um estudo multicêntrico nacional, realizado com mulheres de comunidades quilombolas certificadas do Rio Grande do Sul.
  • Para o processo de amostragem, foram listadas todas as comunidades quilombolas no sul do Rio Grande do Sul reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (137 comunidades).
  • Por amostragem sistemática, foram selecionadas quatro comunidades, que tiveram todas as residências visitadas e, em cada uma, uma única mulher (19 a 59 anos) foi elegível para o estudo.
  • Os dados foram coletados no período de agosto de 2017 a agosto 2018.
  • Todas as entrevistas foram conduzidas por profissionais de saúde, previamente treinados e calibrados, no domicílio do participante.

Resultados

  • Participaram do estudo 178 mulheres quilombolas, das quais 14,6% foram diagnosticadas com depressão e 23,0% apresentaram risco de suicídio.
  • As mulheres que apresentaram depressão com risco de suicídio tinham tempo de atividade física significativamente menor em relação às mulheres que não apresentaram tais diagnósticos. Na análise multivariada, a inatividade física continuou associada à depressão (RP 1.90 IC95% 1.13-3.21) e ao risco de suicídio (RP 1,92 IC95% 1.03-3.57).

Gráfico: Tempo semanal em minutos gasto em exercícios de acordo com os grupos diagnósticos.

Legenda: Atividade/Sem = Tempo semanal em min gasto em ativ físicas; TDM = Transtorno depressivo maior; RS = Risco de suicídio. Kruskal-Wallis Test H= 16,843, gl=2, p<0,001

Conclusão  O presente estudo evidencia maior prevalência de indicadores de depressão e risco de suicídio para as mulheres inativas. A inclusão de estratégias de atividade física pode contribuir para reduzir a vulnerabilidade, reduzir os sintomas depressivos e prevenir a carga de suicídio entre as mulheres quilombolas.


  • Citação: Vieira IS, Branco JC, Moreira FP, Gonçalves MRP, Torales APB, Oliveira CCC, et al. Transtorno depressivo maior e risco de suicídio associado à inatividade física entre mulheres afrodescendentes quilombolas. Cad Saúde Colet, 2024;32(4):e32040426.
  • Baixe o artigo para a leitura na íntegra nesse LINK

Timóteo Araújo

Profissional de Educação Física, com experiência de 25 anos na área da Atividade Física, Vida Ativa e Longevidade,

Atividade Física e Longevidade

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